sexta-feira, 30 de março de 2012

Pseudolycaena marsyas (Linnaeus, 1758), foto por: J. Bizarro

Pseudolycaena marsyas, J. Bizarro, Rev. Eco. do Guapiaçu, Cach. de Macacu, RJ.
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O autor, a espécie e a foto

Em foto de Jorge Bizarro (50 anos, médico/entomólogo), feita em 29-III-2011, temos aqui nossa vigésima segunda do público! Trata-se de um fantástico close-up de Pseudolycaena marsyas (Linnaeus, 1758), lepidóptero da família Lycaenidae, subfamília Theclinae, capturada através de uma Sony Cyber-shot DSC-W310 (com 12.1m.pixels), na Reserva Ecológica do Guapiaçu (REGUA), em Cachoeiras de Macacu, RJ. A foto foi tirada em um final de manhã ensolarada, aproximadamente às 12h, utilizando-se a lente padrão da máquina.

Biologia

Nesta foto capturada no horto da REGUA (Fazenda São José), vemos a borboleta pousada, em uma muda de camboatá, Cupania vernalis Cambess, planta da família Sapindaceae e madeira cultivada para replantio. Detalhe muito precioso nesta foto é que o autor conseguiu capturar imagem de um espécime em perfeito estado, como suas asas íntegras. Isto é muito incomum, pois a espécie muito atacada por predadores, e por isso, é normalmente vista com partes de suas asas mutiladas. P. marsyas (Linnaeus, 1758), espécie comum que gosta de voar em locais ensolarados (heliófila), mas se abriga em região sombria da floresta (humbrófila). Pode ser encontrada nas fronteiras entre as cidades e as florestas (semiurbana). Assim sendo, na periferia das cidades, campos ou florestas pode ser vista frequentemente em flores ou inflorescências nas bordas de trilhas e estradas. Quanto ao tipo de mata, tem preferência por florestas secundárias. Seu voo é rápido e errático, buscando suas fontes de néctar onde haja tanto flores silvestres como cultivadas.

Suas lagartas são de cor verde esmeralda em toda área do corpo (Otero & Marigo, 1990). Como em geral na família Lycaenidae a cabeça está voltada para a porção inferior do corpo (críptica), sendo de difícil visualização. Isso confere a elas um aspecto de larva de outra ordem de inseto, diferente do jeito de tradicional de ser de uma lagarta. Apresentam hábitos diurnos e isolados. Suas lagartas comem muitas flores de plantas diferentes (polífogas). Como exemplo, temos registro de se alimentarem: de plantas do gênero Asterocarpus, que pertencem à família Moraceae e até mesmo de plantas exóticas como a mangueira, Mangifera indica L., uma Anacardiacaea (Costa Lima, 1936). Por fim, temos um registro em comunicação pessoal de J. Bizarro, para postura em Ingá, uma planta da família Fabaceae (antiga Leguminosae).
A. Soares & J. Bizarro

sexta-feira, 23 de março de 2012

Ascia monuste orseis (Godart, 1819), foto por: A. Soares

Ascia monuste orseis, A. Soares, Rev. Eco. do Guapiaçu, Cach. de Macacu, RJ.
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O autor, a espécie e a foto

Em foto de Alexandre Soares (52 anos, biólogo), feita em 25-III-2011, temos aqui nossa vigésima primeira participação do público! Trata-se de mais uma boa imagem de Ascia monuste orseis (Godart, 1819), lepidóptero da família Pieridae, subfamília Pierinae, capturada através de uma Sony Cyber-shot DSC-W330 (com 14.1m.pixels), na Reserva Ecológica do Guapiaçu (REGUA), em Cachoeiras de Macacu, RJ. A foto foi tirada no meio de uma manhã parcialmente nublada, aproximadamente às 10h:15min, utilizando-se a lente padrão da máquina.

Biologia

Na foto, feita nos banhados da REGUA, nós vemos a borboleta sobre o buquê de flores (inflorescência) do arbusto Lantana camara L., planta da família Verbenaceae, uma das suas fontes de alimento preferidas. A. monuste orseis (Godart, 1819), é possivelmente a mais comum espécie da família Pieridae a voar no sudeste do Brasil. Abundante vive em qualquer área ensolarada (heliófila). É extremamente resistente as mudanças do ambiente. Seu grau de adaptação ao homem é enorme, isso a torna uma espécie típica das áreas urbanas, semi-urbanas ou florestas secundárias. É possível vê-la até nos centros urbanos das maiores cidades! Está registrada em literatura como praga das plantas crucíferas silvestres e cultivadas, como por exemplo, a couve. Seu voo é normalmente lento pairando sempre buscando pelas flores ou buquês (inflorescências). Os machos freqüentam o chão onde em procuram por poças d’água para beber água junto com os sais contidos nela. E aí, comparecem as centenas, por vezes aos milhares, gerando uma reunião de borboletas popularmente chamada de panapaná. É um ótimo exemplo de borboleta, facilmente criada em cativeiro, e por isso mesmo, indicada para uso didático em salas de aula e nos borboletários (comunicação pessoal Luiz Otero), desde que devidamente autorizados. A. monuste orseis (Godart, 1819), é um inseto tão vulgar que pode ser assim considerado semidoméstico e cuja criação, de um modo adequado, não traz mal algum. Pelo contrário! O ganho em consciência ambiental e formação educacional, com a permissão para a utilização desta preciosa “bioferramenta”, por parte dos professores ao exemplificar para seus alunos detalhes importantes do conteúdo programático, proporcionaria as autoridades certeiro investimento na geração de uma consciência “preservacionista”! Para finalizar, cabe ressaltar isto exemplificando através do uso por Taiwan, da espécie Euploea tulliolus (Fabricius, 1793), ou popurlamente - purple crow, em atividades curriculares de alunos dos mais diferenciados níveis (comunicação pessoal Luiz Otero).

Suas lagartas apresentam corpo com faixas longitudinais, negras e amarelas com finíssimos pelos esparsos por todo corpo. Têm hábitos diurnos e gregários. Alimentam-se de várias plantas da família Brassicaceae (antigas Cruciferae), em especial de Brassica oleraceae L., a couve cultivada (Otero, 1986).

Nota 
Em complemento, estamos colocando aqui em destaque neste parágrafo, link para um filme onde o professor David Lin, da Mingdao High School, em Taichung, Taiwan, participa em uma ação junto com seus alunos do nível médio, da captura uma dessas borboletas para marcá-la. Sim senhores, Taiwan convoca toda uma rede de estudantes para capturar, criar ou simplesmente observar, (depende das ações que são promovidas pelas diferentes instituições de educação) a purple crow ao longo de sua rota de migração. Clique abaixo para acessar a página do filme e nela escolha o segundo filme para assistir:
A. Soares

quinta-feira, 22 de março de 2012

Pereute antodyca (Boisduval, 1836), foto por: A. Martin

Pereute antodyca, A. Martin, Rev. Eco. do Guapiaçu, Cach. de Macacu, RJ.
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O autor, a espécie e a foto

Em foto de Alan Martin (58 anos, contabilista/aposentado), feita em 19-III-2011, temos aqui nossa vigésima participação do público! Trata-se de uma bonita imagem de Pereute antodyca (Boisduval, 1836), lepidóptero da família Pieridae, subfamília Pierinae, colhida utilizando-se uma Canon EOS D40 (com 10.1m.pixels), na Reserva Ecológica do Guapiaçu (REGUA), em Cachoeiras de Macacu, RJ. Para a foto, tirada aproximadamente às 13h15min de uma tarde ensolarada, o autor ainda usou uma lente macro de Ef 100-400L IS da marca Canon.

Novo registro

A foto inaugura um novo parágrafo (novo registro), aqui no blog. Ela nos traz a primeira imagem de uma ocorrência, até então desconhecida, em uma determinada unidade de conservação, pois na literatura sobre lepidopterofauna da REGUA, não tínhamos relacionada à presença de P. antodyca (Boisduval, 1836). Com a foto, o autor contribui para o conhecimento local dessa fauna, acrescentando registro de tal espécie, ao inventário de lepidópteros da REGUA. Parabéns!

Biologia
Tirada a foto na área dos banhados da REGUA, vemos a borboleta com sua probóscide (espirotromba) estendia se alimentando no buquê de flores (inflorescência) do arbusto Lantana camara L., uma planta da família Verbenaceae. P. antodyca (Boisduval, 1836), é espécie uma cuja facilidade de observação pode variar. Há locais, como no exemplo na REGUA, em que sua população é pequena sendo incomum o avistamento. Já em outros, como a Serra do Japi (que fica situada entre os municípios de Jundiaí e Campinas, SP), é comum (Brown, 1992).  Mais atipicamente, em relação a outras borboletas da mesma família, ocorre em áreas de pouca insolação (semi-umbrófila), quase na zona de sombra, sendo encontrada em matas onde haja resíduos de florestas primárias. Todavia, pode ser avistada também nas bordas entre as florestas primárias e as secundárias. Têm vôo que varia de velocidade lenta para mediana. Os machos como geralmente se observa em muitas espécies de pierídeos, vem ao chão para beber água com sais nas bordas lamacentas de poças d’água.
Lagartas, como na maioria das espécies da família Pieridae, têm um corpo liso ou no máximo recobertos com finíssimos e esparsos pelos. Seus hábitos são diurnos, gregários e se alimentam basicamente de plantas da família Loranthaceae, (Brown, 1992).
A. Soares

segunda-feira, 19 de março de 2012

Detalhando o visual dos lepidópteros 03: o tórax

Visão lateral do tórax de uma borboleta, esquema por: L. A. Costa.
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Legenda 1
TORAX
A- PROTORAX, visão lateral:
1- Prototergito; 2- Protopleurito (*); 3- Protoesternito; 4- Perna anterior (*).
B- MESOTORAX, visão lateral:
1- Mesotergito; 2- Mesopleurito (*); 3- Mesoesternito; 4- Perna mediana (*); 5- Asa anterior (*); 6- Tégula (*).
C- METATORAX, visão lateral:
1- Metatergito; 2- Metapleurito (*); 3- Metaesternito; 4- Perna posterior (*); 5- Asa posterior (*).
(*) Sendo o corpo dos lepidópteros composto de duas faces equivalentes (simetria bilateral), todas as estruturas assinaladas existem aos pares, estando suas correspondentes no lado oposto do corpo.
Nota. Por ser este esquema, repleto de números referenciais tão próximos, nós optamos por utilizar cores diferentes para melhor distinção das áreas e entre as suas subdivisões.

Prefacio

Em primeiro lugar, alertamos o visitante que interessado pelo tema, notará ao consultar uma obra sobre morfologia entomológica que a nomenclatura utilizada abaixo destoa, por vezes, da comumente existente nos livros técnicos/acadêmicos.
Bem sabemos que as placas do esqueleto externo (exoesqueleto) de um inseto não se apresentam do modo simples como estamos figurando aqui. Muitas vezes, exibem-se com pregas, dobras, suturas morfológicas que mostram um rearranjo espacial (diferente do modelo simplificado e padronizado figurado aqui), e, por isso mesmo, têm uma nomenclatura ampla e diversificada.
Explicamos nossa opção por evitar a reprodução da nomenclatura técnica/acadêmica tal qual é utilizada e conhecida, pois:
- É nossa intenção simplificar ao máximo o conteúdo apresentado aqui, padronizando um exemplo esquemático de tórax sem os precisos detalhes técnicos/acadêmicos geradores de complexa nomenclatura;
- Além disso, a grande riqueza de dados apresentados pelos esquemas técnicos/acadêmicos levaria a necessidade de se confeccionar desenhos muito mais elaborados, coisa desnecessária para se situar e se conhecer as zonas do corpo de um lepidóptero, a fim de, se fazer fotos em close-ups das pequenas estruturas do corpo das borboletas e mariposas.
Por fim, para os que se interessarem pelo tema com maior profundidade, nós indicamos a obra INSETOS DO BRASIL, publicada recentemente pela Editora Holos.

O tórax

O tórax é a porção mediana do corpo e se apresenta subdivididos em três áreas, ou zonas: prototórax, mesotórax e metatórax. Nos lepidópteros esta região é mais esclerosada em relação às outras partes do corpo. Suas áreas apresentam-se revestidas por várias placas esqueléticas bem quitinizadas. As principais e mais relevantes são: as que compõem o dorso, os tergitos; as que compõem a lateral (aos pares em ambos os lados do corpo), os pleuritos e as que compõem o ventre, os esternitos. Daí termos a região dorsal do inseto constituída, de modo simplificado, pelos: prototergito, mesotergito e metatergito. Já as laterais por: protopleuritos, mesopleuritos e metapleuritos. Por fim, a ventral apresentando os: protoesternito, mesoesternito e metaesternito. Ressaltamos, mais uma vez, que é certo a existência de várias outras placas e subplacas, com suas nomenclaturas, mas, nossa intenção aqui é simplificar evitando o excesso de nomes técnicos desnecessário ao conhecimento básico para feitura de close-ups por parte dos amigos lepidopterófilos.
O prototórax é a menor porção do tórax. Nele está situada à primeira estrutura locomotora, as pernas anteriores (ou primeiro par), que são pequenas e por vezes atrofiadas. O mesotórax, maior porção do tórax, possui dois membros locomotores que são: as pernas medianas (ou segundo par) e as asas anteriores (ou primeiro par). Ainda é possível ver, com menor clareza nas mariposas, uma estrutura que recobre parcialmente a região dorsal e que tem a função de proteger a base das asas anteriores chamada de tégulas. A última estrutura de destaque é um par de aberturas respiratórias (estigmas ou espiráculos) na região pleural de cada lado do mesotórax. O metatórax, última parte do tórax, é menor que o segundo, mas é bem maior que o primeiro. Nele, estão localizadas as pernas posteriores (ou terceiro par) e as asas posteriores (ou segundo par). Ainda há outro par de aberturas respiratórias, situado do mesmo modo que o do mesotórax.

Visão lateral das pernas de uma borboleta, esquema por: L. A. Costa.
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Legenda 2
PERNAS
A- PERNA anterior, visão lateral:
1- Coxa (*); 2- Trocanter (*); 3- Fêmur (*); 4- Tíbia (*); 5-Esporão modificado, epífise (*); 6- Tarso, com 5 segmentos (*); 7- Garra (*).
B- PERNA mediana, visão lateral:
1- Coxa (*); 2- Trocanter (*); 3- Fêmur (*); 4- Tíbia (*); 5- Esporões, um par (*); 6- Tarso, com 5 segmentos (*); 7- Garra (*).
C- PERNA posterior, visão lateral:
1- Coxa (*); 2- Trocanter (*); 3- Fêmur (*); 4- Tíbia (*);5- Esporões, dois pares (*);  6- Tarso, com 5 segmentos (*); 7- Garra (*).
(*) Sendo o corpo dos lepidópteros composto de duas faces equivalentes (simetria bilateral), todas as estruturas assinaladas existem aos pares ou em dobro, estando suas correspondentes no lado oposto do corpo.

As pernas

As pernas de um lepidóptero são em número de seis, três pares, sendo um par por cada área torácica.  Elas são de um modo geral, de tamanho variável e dividido em 6 partes: coxa, trocanter, fêmur, tíbia (com esporões), tarso e garra. Mais uma vez, simplificando temos: a coxa, uma porção larga e não longa se insere no tórax. É seguida por pequeno trocanter que faz a ligação com um longo fêmur. Este se liga a uma igualmente longa tíbia que possui esporões que vão variar conforme o par de pernas (no primeiro par de pernas: existe um adaptado para a limpeza das antenas, chamado de epífise, no segundo dois e no terceiro quatro). A tíbia se segue o tarso, que se apresenta dividido em 5 segmentos, e é sucedido de uma garra terminal.

Visão asas de uma borboleta, esquema por: L. A. Costa.
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Legenda 3
A- ASAS, sistema de nervuras
a.1- ASA anterior:
1- Nervura costal (*); 2- Nervura subcostal (*); 3- Primeira nervura radial (*); 4-Primeira nervura  mediana (*); 5- Primeira nervura cubital (*); 6- Primeira nervura anal (*); 7- Célula discal (*).
a.2- ASAS posterior:
1- Nervura costal (*); 2 + 3- Nervura subcostal fundida com a primeira nervura radial (*); 4- Primeira nervura mediana (*); 5- Primeira nervura cubital (*); 6- Primeira nervura anal (*); 7- Célula discal (*).
B- ASAS, áreas ou zonas
b.1- ASA anterior:
1- Área basal (*); 2- Margem costal (*); 3- Ápice da asa (*); 4- Margem externa (*); 5- Torno da asa (*); 6- Margem interna (*); 7- Área da célula discal (*).
b.2- ASAS posterior:
1- Área basal (*); 2- Margem costal (*); 3- Ápice da asa (*); 4- Margem externa (*); 5- Torno da asa (*); 6- Margem interna (*); 7- Área da célula discal (*).
(*) Sendo o corpo dos lepidópteros composto de duas faces equivalentes (simetria bilateral), todas as estruturas assinaladas existem aos pares, estando suas correspondentes no lado oposto do corpo.

As asas

As asas são do tipo membranosa e em número de quatro (dois pares). O primeiro par está situado no mesotórax e tem geralmente maior área. Já o segundo situa-se no metatórax. Elas têm sua superfície coberta por escamas que são oriundas das células que revestem o tecido das asas. As escamas conferem as cores aos lepidópteros. Tal coloração pode ser de dois tipos: física, quando as cores das escamas são transparentes e o colorido que se vê é resultado da difração da luz sob a superfície das escamas. Um bom exemplo deste caso são as cores azuis das borboletas do gênero Morpho. O outro tipo é o de cores químicas. Neste caso, mais freqüente, existe uma coloração nas escamas.
Graças a uma constituição “esquelética”, as asas têm seu vôo garantido. Possuem assim veias, ou nervuras, que são estruturas tubulares que se estendem por sua área conferindo a resistência necessária para o vôo. Essas nervuras que, por vezes, podem se apresentar fundidas umas com as outras (ocorre em especial nas asas posteriores) são denominadas com códigos que variam de acordo com os pesquisadores (acima no esquema indicamos algumas nervuras básicas). Elas também são verdadeiros canais por onde o “sangue” (hemolinfa) dos lepidópteros flui. O vôo dos lepidópteros se processa quando, as asas que funcionam como aquecedores captando a energia do sol, aquecem a hemolinfa, que flui pelas veias levando o calor para os músculos torácicos. Esse fluxo de “sangue” age como estimulador muscular permitindo então o vôo.  Ainda é possível zonear as asas de um lepidóptero de acordo com áreas. Este zoneamento pode variar conforme os autores, mas simplificando-o, temos: a área basal, margem costal, o ápice da asa, a margem externa, o torno da asa, margem interna e, ao centro da asa, área da célula discal. Por fim, as asas ainda dispõem de encaixes que são responsáveis pelo sincronismo do vôo entre os pares de asas anteriores e posteriores. Esses encaixes têm diversas formas podendo variar de estojos (nas asas anteriores) e ganchos (nas asas posteriores) nas mariposas até baixos relevos (nas asas anteriores) e altos relevos (nas asas posteriores) nas borboletas.
A. Soares

Agraulis vanillae maculosa (Stichel, [1908]), foto por: A. Araújo

Agraulis vanillae maculosa, A. Araújo, Braz de Pina, Rio de Janeiro, RJ.
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O autor, a espécie e a foto

Em foto de Antônio Araújo (52 anos, funcionário público), feita em 21-VI-2009, temos aqui nossa décima nona participação do público! Trata-se de um bom close-up de Agraulis vanillae maculosa (Stichel, [1908]), lepidóptero da família Nymphalidae, subfamília Heliconiinae, capturada utilizando-se uma Sony Cyber-shot DSC F717 (com 5.2m.pixels), no Bairro de Braz de Pina, no Rio de Janeiro, RJ. A foto foi tirada aproximadamente às 15h30n de uma tarde ensolarada, com a lente que acompanha o modelo uma Macro Carl Zeiss.

Biologia

Tirada a foto na área do apartamento onde a lagarta foi criada pelo fotógrafo, vemos a borboleta já “emersa” (livre da crisálida) com as asas completamente estendidas. Em geral, o distender das asas é um processo lento que pode durar algum tempo, variando conforme a espécie e fazendo com que a borboleta fique exposta aos predadores. A. vanillae maculosa (Stichel, [1908]), é uma espécie comuníssima que gosta de voar em locais ensolarados (heliófila) e que também pode ser encontrada nas fronteiras entre as cidades e as florestas (semiurbana). Assim, ela é observada na periferia da cidade, campo ou bordas floresta secundária podendo aí ser vista frequentemente em flores ou inflorescências cultivadas, como por exemplo, as do gênero Zinea (Otero, 1986), ou nas margens de trilhas e estradas onde prefere as flores do cambará, Lantana camara, L., uma planta da família Verbenaceae. Seu voo é de velocidade moderada e trajetória irregular.

Lagartas têm um corpo coberto de processos espinhosos. As cores são em tons de marrom e há duas faixas longitudinais (de cada lado do corpo) uma laranja e outra branca. Têm hábito diurno, grupal (ficam várias sobre a mesma planta, mas não juntas como gregárias) e se alimentam basicamente de plantas da família Passifloraceae, em especial do maracujá cultivado, Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deg. (Otero, 1986).
A. Soares

sexta-feira, 16 de março de 2012

Pyrisitia nice tenella (Boisduval, 1836), foto por: R. Penalva

Pyrisitia nise tenella, R. Penalva, Encontro das Águas, Lauro de Freitas, BA.
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O autor, a espécie e a foto

Em foto de Ruy Penalva (60 anos, médico/empresário), feita em 28-XII-2003, temos aqui nossa décima oitava participação do público! Trata-se de um belíssimo close-up de Pyrisitia nise tenella (Boisduval, 1836), lepidóptero da família Pieridae, subfamília Coliadinae, tirada através de uma Canon EOS10D (com 6.3m.pixels), no Condomínio Encontro das Águas, em Lauro de Freitas, BA. Para a foto, tirada aproximadamente às 13h da tarde em dia ensolarado, o autor usou uma lente Canon EF 70-300 I. A imagem foi capturada com luz natural, abertura de diafragma f/5.6 e velocidade de 1/180.

Biologia

“Chapa” colhida no entorno da residência do autor mostra a borboleta se alimentando em uma flor silvestre. Ela flagra borboleta exatamente no momento em que está com a probóscide do aparelho bucal (espirotromba) estendida procurando os tubos de néctar da flor para se alimentar. P. nise tenella (Boisduval, 1836), espécie comum e que gosta de voar em locais ensolarados (heliófilos) podendo ser vista nas bordas entre cidades e as áreas de matas (semiurbana) como também nas florestas secundárias. Esta espécie é muito mais observada nas áreas onde o homem alterou a mata. Aí tem população extremamente abundante. A fêmea pode ser vista em diversos locais próximos ao chão de preferência nem planta alimento das lagartas, onde com atenção é muito fácil se ver a desova. Já os machos também vão ao chão procurando por locais úmidos como possas de águas e praias de riachos, onde bebem água com sais.  A espécie possui um voo lento, mas irregular.

As lagartas são verdes claras com duas linhas juntas e longitudinais: uma na cor creme e outra em verde escuro. Ainda têm o corpo com coberto de pequenos e finos pelos. Seus hábitos são diurnos e isolados. Alimentam-se de várias plantas dos gêneros Senna e Mimosa, onde se destaca a famosa dormideira, Mimosa pudica L., uma planta da família Fabaceae (Costa Lima, 1936).
A. Soares

terça-feira, 13 de março de 2012

Heraclides anchisiades capys (Hubner, [1809]), foto por: R. França

Heraclides anchisiades capys, R. França, Jardim Paulista, São Paulo, SP.
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O autor, a espécie e a foto

Em foto de Renato França (47 anos, fotógrafo/publicitário), feita em 08-IV-2011, temos aqui nossa décima sétima participação do público! Trata-se de uma fantástica imagem de Heraclides anchisiades capys (Hubner, [1809]), lepidóptero da família Papilionidae, subfamília Papilioninae, colhida utilizando-se uma Canon EOS 7D (com 18.1m.pixels), no bairro do Jardim Paulistano, em São Paulo, SP. Para a foto, tirada aproximadamente às 14h15min da tarde em dia ensolarado, o autor ainda usou uma lente macro de 105 mm da marca Nikkor.

Biologia e Etologia

Tirada a foto no quintal da própria casa do autor, vemos a fantástica cena de rara felicidade quanto ao ato da foto, pois a borboleta foi fotografada em pleno vôo sem que a imagem tenha ficado irreconhecível!  H. anchisiades capys (Hubner, [1809]), espécie comuníssima que gosta de voar em locais ensolarados (heliófila) e que também pode ser encontrada nas fronteiras entre as cidades e as florestas (semiurbana). Assim sendo, na periferia das cidades, campos ou florestas pode ser vista frequentemente em flores ou inflorescências nas bordas de trilhas e estradas. Ainda é possível ver os machos sobrevoando o solo molhado ou, no caso dos machos, em bordas de possas de água após chuvas, onde bebem água e retiram sais minerais. Seu voo é normalmente lento pairando em círculos sobre o local do alimento. Porém, se ameaçada, pode reagir e passar a voar velozmente e com trajetória irregular.

Lagartas têm o corpo com tubérculos curtos e de cores castanhas escuras com “raiados” em cinza e branco. Isto faz com que elas exibam uma camuflagem se parecendo com excrementos de pássaros. Os hábitos são noturnos, gregários e se alimentam basicamente de plantas da família Rutaceae, em especial do gênero Citrus (Otero, 1986). Há ainda registro de que se alimentam do guarantã Esenbeckia leiocarpa, Engl., outra Rutaceae (Costa Lima, 1936).
A. Soares

sexta-feira, 9 de março de 2012

Tmolus echion (Linnaeus, 1776), foto por: M. F. Castilhori

Tmolus echion, M. F. Castilhori, Ilha de Guaratiba, Rio de Janeiro, RJ.
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O autor, a espécie e a foto

Em foto de Marcelo Fraga Castilhori (35 anos, biólogo), capturada a imagem em 20-XII-2011, temos aqui nossa décima sexta participação do público! Temos assim, uma bela imagem de Tmolus echion (Linnaeus, 1776), lepidóptero da família Lycaenidae, subfamília Theclinae, tirada através de uma Fuji Finepix S9100 (com 9.1m.pixels), na Ilha de Guaratiba, Rio de Janeiro, RJ. Nessa foto, capturada aproximadamente às 18h15min da tarde, em dia ensolarado, o autor usou a lente padrão da própria máquina.

Biologia

Tirada a foto próxima ao Sítio Santa Bárbara, região de Ilha de Guaratiba, Rio de Janeiro, mostra a pequena borboleta se alimentando, possivelmente nos botões florais da urtiga, Mercurialis annua Mercurialis annua L. (Urticaceae). T. echion (Linnaeus, 1776), é uma espécie pouco comum nesta região. Pode ser confundida com outra muito mais comum: Strymon megarus (Godart, [1824]), que possui a face inferior das asas muito semelhante diferindo, principalmente, por apresentar irregularidade no alinhamento da faixa pós-mediana avermelhada das asas anteriores. Além de serem observados no ambiente de mangue, que cerca a região da Ilha de Guaratiba, que é uma típica borda entre cidade e área silvestre (área semiurbana), também habitam áreas de matas sejam elas de florestas secundárias ou primárias. Ainda é possível relatar que, como as maiorias dos representantes desta família, são vistas com maior freqüência em flores ou inflorescências nas clareiras em locais ensolarados (heliófilos), nos topos dos morros nos habitat citados. Seu voo é irregular descrevendo várias mudanças de nível.

Lagartas, como grande maioria dos Lycaenidae: têm corpo vermiforme, são lisas, vivem isoladamente e se empupam sobre as folhas. São polífogas alimentam-se de diversas flores, mas sua preferida na região são as plantas do gênero Lantana sp. (Verbenaceae) onde destroem por completo as pétalas das flores. Além desse gênero há outros registros de preferência para alimentar, como por exemplo: Amazonia hirta (Campanulaceae), Solanun lycocarpum (Solanaceae), Qualea grandiflora e Qualea multiflora ambas da família botânica Vochysiaceae (Silva et al, 2011).
A. Soares

sábado, 3 de março de 2012

Detalhando o visual dos lepidópteros 02: a cabeça

Visão frontal da cabeça de uma lagarta e de uma borboleta, esquema por: L. A. Costa.
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Legenda 1
A- CABEÇA DA LAGARTA, visão frontal:
1- Placa epicranial (*); 2- Olho sensorial (**); 3- Antena (*); 4- Clípeo; 5- Labro; 6- Aparelho bucal, mandíbula (*);
B- CABEÇA DA BORBOLETA, visão frontal:
1- Epicrânio; 2- Olho composto (*); 3- Antena (*); 4- Ocelo (*); 5- Clípeo; 6- Labro; 7- Aparelho bucal, maxila direita (a espirotromba está com o par de maxilas separadas); 8- Palpo labial direito (o palpo labial esquerdo foi removido para melhor visualização das maxilas).
(*) Sendo o corpo dos lepidópteros composto de duas faces equivalentes (simetria bilateral), todas as estruturas assinaladas existem aos pares, estando suas correspondentes no lado oposto do corpo.
(**) A estrutura assinalada existe em número de doze, seis pares em cada hemisfério da cabeça.

Introdução

A cabeça é de um lepidóptero, esteja ele estágio jovem (lagarta) ou adulto (borboleta) é uma parte do corpo que sofre incríveis transformações com a metamorfose. Como dois exemplos dessas transformações nós temos os olhos e o aparelho bucal. Os olhos que na lagarta estão situados lateralmente nas placas epicraniais (atenção! não confundir a região com olhos!) são em número de doze (seis pares em cada lado do corpo), sendo cinco mais próximos e um isolado. O incrível é que estas estruturas de pequenos sensores isolados deixarão de existir com a metamorfose, e executando as suas funções, surgirá um grande olho composto e ainda um par de ocelos. Tal fantástica transformação tem um tremendo potencial para fotos em close-up aproveitando o belíssimo visual dos olhos compostos que, normalmente,  oferece uma imagem colorida com fantástico degrade de cores. Já o aparelho bucal não deixa por menos. Sofre muitas transformações! Mas, a que se torna um fato digno de destaque é: a troca das fortes e rígidas mandíbulas (que fazem o trabalho de mastigação da lagarta), pelas delicadas e flexíveis maxilas que compõe a probóscide (espirotromba) da borboleta (peça vital para a nova forma de alimentação líquida do lepidóptero), que tem incrível potencial para imagens, quando em ação nas pétalas das flores buscando pelas fontes de néctar (tubos nectaríferos).

Visão lateral da cabeça de uma borboleta, esquema por: L. A. Costa.
Clique no esquema para vê-lo ampliado!

Legenda 2
C- CABEÇA DA BORBOLETA, visão lateral:
1- Epicrânio; 2- Olho composto (*); 3- Antena (*); 4- Ocelo (*); 5- Clípeo; 6- Labro; 7- Aparelho bucal, maxilas (espirotromba); 8- Palpo labial.
(*) Sendo o corpo dos lepidópteros composto de duas faces equivalentes (simetria bilateral), todas as estruturas assinaladas existem aos pares, estando suas correspondentes no lado oposto do corpo.

A cabeça

A cabeça da de um lepidóptero ainda no estágio de lagarta é composta, de um modo simplificado, por: um grande par de placas epicraniais (uma em cada hemisfério da cabeça); doze pequenos olhos sensoriais (seis pares em cada lado do corpo, sendo cinco mais próximos entre si e um isolado); um par de antenas (um em cada hemisfério epicranial, situadas basalmente); um clípeo (tem formato de delta e fica na região inferior entre os hemisférios epicraniais); um labro (peça superior do aparelho bucal logo abaixo do clípeo); um forte par de mandíbulas (fixadas internamente no aparelho bucal se estendo para além dele). Há outras estruturas além dessas citadas, como no exemplo: as maxilas, mas, são bem pequenas ou atrofiadas. Destacam-se funcionalmente: os olhos e as antenas que têm funções sensoras (captam sensações e condições do meio) e as mandíbulas, que obviamente são utilizadas na obtenção dos alimentos cortando e mastigando-os.
Já cabeça da borboleta, de uma maneira simplificada, é composta por: um epicrânio (posicionado na região superior e central da cabeça); um par de grandes olhos compostos (de cada lado do crânio); um grande clípeo (com formato de trapézio e fica na região inferior ao epicrânio, entre os olhos compostos); um par de antenas (uma de cada lado do crânio, entre a margem inferior do epicrânio e a superior do clípeo); um par de ocelos pequeníssimos (um de cada lado do epicrânio em região pouco posterior às antenas); um labro quase vestigial (peça superior do aparelho bucal logo abaixo do clípeo); um par de maxilas adaptado como probóscide, ou espirotroma (fixadas internamente no aparelho bucal se estendo pareadas para além dele); e um grande par de palpos labiais que “estoja” a probóscide (laterais a espirotromba). Há outras estruturas além dessas citadas, como no exemplo: os palpos maxilares, mas, são bem pequenas ou atrofiadas. Mais uma vez, destacam-se funcionalmente: os olhos e as antenas que têm funções sensoras (captam sensações e condições do meio) e espirotromba, que obviamente é utilizada na obtenção do alimento, sugando o néctar.
A. Soares

quinta-feira, 1 de março de 2012

Anartia amathea roeselia (Eschscholtz, 1821), foto por: R. Penalva

Anartia amathea roeselia, R. Penalva, Encontro das Águas, Lauro de Freitas, BA.
Clique na foto para vê-la ampliada!

O autor, a espécie e a foto

Em foto de Ruy Penalva (60 anos, médico/empresário), feita em 01-VIII-2004, temos aqui nossa décima quinta participação do público! Trata-se de uma bonita imagem de Anartia amathea roeselia (Eschscholtz, 1821), lepidóptero da família Nymphalidae, subfamília Nymphalinae, tirada através de uma Canon EOS10D (com 6.3m.pixels), na localidade de Encontro das Águas, em Lauro de Freitas, BA. Nessa foto, capturada possivelmente em uma manhã de um dia parcialmente nublado, o autor usou uma lente Canon EF 75-300 I. A imagem foi capturada com luz natural, abertura de diafragma f/5.6 e velocidade de 1/90.

Biologia

Foto batida no quintal da residência do autor mostrando a borboleta em repouso sobre um ramo de um tipo de capim. Nesta posição, com as asas abertas, faz-nos acreditar que a borboleta esteja se aquecendo ao sol, pois a superfície aberta das asas funciona como captador da energia luminosa. O calor obtido aquece o “sangue” (hemolinfa) da borboleta, que por sua vez, flui pelas nervuras das asas seguindo para os músculos onde atuará como estimulador muscular permitindo o voo. A. amathea roeselia (Eschscholtz, 1821), espécie comum e que gosta de voar em locais ensolarados (heliófilos) podendo ser vista nas bordas entre cidades e as áreas de matas (semiurbana) como também nas florestas. Esta espécie é pouco observada nas florestas primárias, porém nas secundárias, tem população abundante. Gosta de voar em locais úmidos próximos a veios de água, alagados, riachos e rios, onde normalmente também está sua população de lagartas. Possui, um voo lento. Sua reação ataques é um pouco mais rápida, porém não chegando a mostrar grande agilidade.

As lagartas têm o corpo com coberto de processos espinhosos ramificados na cor negra. Ainda há um par de processos espinhos similares, porém pouco maiores na cabeça. Seus hábitos são noturnos. Alimentam-se de diversos tipos de plantas da família Acanthaceae (Otero & Marigo, 1992), podendo, por exemplo, comer plantas dos gêneros Ruellia e Jacobinia.
A.Soares